terça-feira, fevereiro 26, 2013

Lunar


  
  Creio que com o passar dos anos não precisarei que o seu sorriso seja o meu Sol. Compreenderei que segundo a Física, ou mais do que isso, segundo a lógica basta-nos a estrela que nos aquece ao despontar ao leste todas as manhãs; e que se põe ao oeste e nos faz entardecer. Entardecerei às seis horas de um dia qualquer e entenderei que seu derrear de lábios será comum, perderá o fulgor, o poder hipnótico e a capacidade de esquentar a alma – a minha alma. Convencer-me-ei de que seus dentes são apenas dentes e de que seus olhos, outrora faiscantes, não são estrelas.

   Se um dia você teve luz própria, findou-se. Vejo isso agora, assim como noto a ausência de rastros seus. Foi-se rápido, cadente, fora astro. Não o é mais. Cruzara o céu sem rumo e eu aplaudira a sua partida. Pude comemorar efusivamente e de pé o final desse ciclo. Não fora o ano que rompera, mas sim nós e os nossos nós. Voltamos ao pronome singular. Desatei-me, fiz-me clara e decidira encantar a noite. Permiti-me renascer às seis horas de um outro dia qualquer. Não sou Lua, mas sou nova, crescente e cheia de intensidade. Apenas deliberei por não minguar, nunca mais


 Eu ia escrever algo sobre esse meu texto, sobre o que eu quis dizer... Mas acho que o enredo já bastou. Sou uma apaixonada pela Lua e isso é evidente. Só tenho a acrescentar que mesmo falando sobre um suposto fim, o meu tom foi de alegria, quase fascínio. Espero que tenham notado e aprovado. Agradeço a quem não desiste de mim como pessoa e escritora. Beijos!