quinta-feira, setembro 30, 2010

Estátua súbita.

      Imagem do filme: O sorriso de Monalisa
 A neve caia lá fora, lenta e ininterruptamente, e o raro vento frio que ousou invadir o seu refúgio fora suficiente para congelar o sorriso que se expunha na face de sua velha e amada amiga. O ar seco pesou a sua respiração e somou forças a sua constante tristeza, induzindo-o a se esquecer se eles eram ou não felizes, deixando-o em dúvida: Será que os vossos corações transbordavam da mesma alegria que iluminava os vossos lábios? Ou aquele momento fora apenas uma pose, estátua súbita, uma encenação para que fosse realizada a pintura em uma tela em branco, a qual agora possuía um admirador extasiado com o seu tangível realismo e perfeição? Porém, ao se aproximar da cena, ele obteve uma resposta para a pergunta que o sufocara anteriormente: Não, o que lhe encantava os olhos e a alma não era uma bela pintura, por mais imóvel que fosse. Mas, sim, suas lembranças esculpidas no gelo, tão sólido quanto o seu vivaz desejo de reviver os momentos recordados e recortados de seu coração amargurado. 

  Sim, eu estou de volta! Estive dodói, mas já estou bem, e também estive um pouco cansada, o que não me estimulou a postar. Ah, sobre o texto... Eu gosto desse texto, mas penso que ele ainda não expressa exatamente o que eu queria, mas está quase lá (99,9% do que eu pretendia). Confesso que eu fiquei receosa desse se tornar um texto confuso demais, porém ainda assim essa foi uma transliteração límpida e sincera. E talvez eu escreva uma continuação para essa história, espero que tenham gostado e que a mensagem tenha sido passada. Mil beijos.  C=

sábado, setembro 11, 2010

V de viole(n)ta, e vingança!

Heath Ledger | Coringa (O Cavaleiro das Trevas, 2008)

E se eu usufruísse do passado como escudo,
Afugentar-me-ia do presente e da batalha futura?
Eu adoraria ter como curinga um ponto final.
 Isso me aliviaria do insolúvel e perpétuo fardo de comandante.

E se eu deixasse a deriva o meu belo e velho navio,
Esquivando-me completamente do que me tornou (in)feliz até hoje...
Vocês me perseguiriam e me odiariam para todo o sempre,
Por terem tido como capitão, e heroi, um iniludível covarde?!

Vocês conseguiriam arrancar pela raiz todas as violetas plantadas,
Todas as gloriosas façanhas executadas por vós, sob o meu auxílio?
Teriam de fato uma incessante e voraz cede de vingança,
A qual queimaria de vossas memórias as nossas vitórias anteriores?!

Se a tiverem, ofereço-vos, então, o calor imensurável do sol,
Para que este duplique vossa cede e fúria e, consequentemente, força.
Enquanto, espero-vos tranquila e sarcasticamente.
Como quem espera a morte, aperta a sua mão, e a segue alegremente! 

 Eu imagino que vocês estejam se perguntando: o que o texto tem a ver com o Coringa?! Bem, a princípio nada, mas pra mim tem sim. O Coringa sempre foi o meu personagem favorito e, assim que terminei de escrever esse texto, eu fiquei com imagem dele na cabeça, rs. Esse texto me lembra muito o Coringa, não sei o porque... Talvez, por ele sempre possuir um truque, e por ser um tanto violento e vingativo. Pelo seu sarcasmo, impavidez e insolência, os quais lhe permitiriam esperar pela morte, cumprimentá-la sorrindo e segui-la. Por isso eu resolvi, então, colocar a sua foto aqui. Beijos e espero que tenham gostado do texto.

 

segunda-feira, setembro 06, 2010

"Aqui jaz um coração" ♪


  Vê-lo seguir o mesmo caminho que eu era ter em mãos dois sonhos, e senti-las quentes ao seu toque. Sonhos esses que me manteriam nutrida, caso eu me sentisse fraca e com fome. O primeiro era doce e saboroso, feito em padaria, levado ao forno quente, e alimentaria o corpo. O segundo era apenas devaneios, imagens vislumbradas, vivas, quase tocáveis que sustentariam as minhas expectativas. Eu sonhei com tanto vigor e insistência, mas não somei com a mesma frequência. Eu não acresci forças às minhas esperanças, nem amor às minhas atitudes. O calor nas mãos já não me era suficiente, e por isso me tornei mais fria e menos viva. Longe da trilha, do trajeto inicial, parei em uma ilha. Longínqua, estranha e extraordinária, eu diria; Deserta: O cemitério dos sonhos desprezados. Sentei-me de pressa e, sem me importar com a terra escura que sujava a minha roupa, comecei a cavar. Logo eu me senti cansada, o suor deslizando sobre as minhas têmporas, mas não me interrompi. O meu olhar transbordou de alegria, eu expirei felicidade. Eu pude sentir o ambiente se iluminar com a luz que emanava de mim e de minhas mãos. Ao resgatar o amor, que eu deixara para trás no decorrer do tempo, eu tornei à vida.
  

  “Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada.”
     I Coríntios 13, 2
  
                   
* Título: Trecho da música Mais que um mero poema – Rosa de Saron.

 Espero que tenham gostado do texto, que tenham o lido com a alma. E que a caridade (o amor) esteja sempre presente em cada um de nós, em cada atitude, palavra e momento de nossas vidas. Mil beijos. Um grande abraço para Clarinha que me indicou a um selo *-* , e eu vou repassá-lo para meus amigos André, Bruna e Lary, e ao sentado no gramado e donzelas em perigo. A regra é responder às perguntas: 
1- O que te inspira? Deus, ler bons livros, observar o mundo e o sorriso das pessoas, estar com amigos, boa música, natureza, sentimentos...
2- sobre o blog da pessoa que te indicou: Bem, eu adoro os textos da Clara, me identifico muito com eles, o blog dela é lindo e me inspira bastante. Ela tem um talento imenso e suas crônicas são tocantes e me fazem bem. Fico feliz demais por ela dividir com os leitores seus textos e sentimentos. C=

domingo, setembro 05, 2010

Companhia.


  
  E, finalmente, eu desenharei em meu rosto o mesmo sorriso sem graça de sempre. E eu não esperarei por sua reação ou resposta, eu simplesmente virarei as costas e sairei andando, como quem pula o capítulo de um livro. Confesso que costumo ser um tanto apressada, lendo de antemão a última página dos livros, por desencargo de consciência, ou talvez para certificar-me de que a história terá um final feliz. Caso contrário, eu fecharei o livro às pressas, o olharei espantada, e atirá-lo-ei na parede mais próxima. E entre os raros passos que eu darei até o meu amigo, que se encontra junto ao chão, estarei ansiosa, entusiasmada e apreensiva, só de imaginar o dano que posso tê-lo causado; Algumas páginas amassadas, uns arranhões na capa e, se eu estiver com sorte, umas folhas estarão soltas. Eu não vejo mal algum em ter antecipado a minha vingança, ao menos assim eu me sentirei mais leve e alegre, independentemente do triste fim que esteja por vir. E me permitirei, portanto, recolher do chão o meu doce fingidor, contador de histórias infelizes e melancólicas, e acolhe-lo em meus braços. E feito isso, abri-lo-ei em sua primeira e bela página amarelada, e retomarei a minha leitura, a qual eu abandonara, antes mesmo de tê-la começado verdadeira e oficialmente. Eu me relembrarei, no entanto, de que você não é como um livro, e sim um ser humano. Pena, que eu me relacione melhor com os livros! Eu continuarei, então, andando de costas para ti, até que você me veja sumir no horizonte, com meu livro nos braços e meu sorriso nos lábios, mesmo que você não possa ver este último.


 Bem, esse texto acabou por transcorrer caminhos que eu não esperava, e talvez, não conhecesse. Mas gostei muito de tê-lo escrito, me senti mais leve por isso. Espero que tenham gostado e que percebam a mensagem, a qual pode estar atrás das palavras. Beijos, e um grande abraço aos que comentam com o coração, isso me faz bem!