domingo, agosto 29, 2010

Conjugue o verbo saber.


   Talvez você não saiba, mas durante todo esse tempo eu estive aqui embaixo observando o seu voo. Saiba que, caso você alcance o seu destino, desembarcará, de sua asa esquerda, suas petulâncias e orgulhos. E após isso, seu voo se tornará mais leve e suas manobras mais belas e eficazes... Fato esse que me deixará cada vez mais encantada. Os meus olhos fixos a te fitar, sem perder qualquer movimento seu, brilhariam como o sol, caso você se atrevesse a aterrissar ao meu lado. E se eu não possuísse a sua constante ausência, lhe pediria: – Ensine-me a voar que, em troca, ensinar-te-ei a sorrir. Porém, admito que essa seria, também, uma desculpa, com a pretensão de prendê-lo a mim, como uma tatuagem. Será que não sabes que, logo, o cansaço lhe fará companhia e o impedirá de voar, pássaro estúpido?! Eu odiaria ver o seu tombo, então, lhe peço que fique um pouco mais, e não se arrisque com tanta frequência. Mas, se a incontrolável e intrigante vontade de ser livre se manifestar em ti, então, pegue-me pelo braço e leve-me contigo. Eu adorarei experimentar o vento forte em meu rosto, o coração acelerado, mesmo que por um curto período de tempo. Confesso que durante esse tempo, te analisando de longe, eu conjuguei o verbo saber, começando por: Eu sei o quão imperfeito é você. Mas hoje, aprendi a conjugar melhor e te julgar menos – eu sei que você nunca soube, mas eu sempre estive ao seu lado.

Eu sempre fui bastante observadora, e mais uma vez escrevi uma história (essa) após observações, e mesmo que essas palavras tenham vindo e sido escritas por mim, acho que o personagem real dessa história gostaria de dizê-las. Tentei traduzir o que tal personagem parece sentir. Espero que tenham gostado do texto, o escrevi com calma, respeitando o tempo em que as palavras queriam ser escritas, e ele me passa tranquilidade. Ah, hoje é aniversário do meu irmão: Parabéns para ele, eu te amo demais Vini ! - Mil beijos.
  Carol C=

segunda-feira, agosto 16, 2010

Sorria falsamente e seja um hipócrita infeliz!


 Nossa relação é recíproca e inabalável. Eu sempre lhe faço companhia: Tu és meu hábitat, e eu sou o seu hábito. Então, seja zeloso e trate-me bem. Manipulá-lo é extremamente fácil e agradável, não encontro dificuldade alguma para a execução de tal tarefa. Quando me exponho e imponho, vejo o brilho em seus olhos: amor e ódio, duas faces da mesma moeda. Ódio de si mesmo, por ser tão influenciável e contraditório, por sempre se render tão de pressa. Ódio de mim, por eu ser um dominador tão perfeito e estar assiduamente presente em suas palavras e atitudes. Alerto-te: a morte de minha rival, a sinceridade, foi sádica e friamente calculada, não por mim, mas por você e pela sua querida superficialidade. Não revire os olhos e nem atravesse a rua; Não finja que não me conhece, pois até para isso você precisaria de mim. Seja você, sincero, ao menos desta vez, olhe-me nos olhos e diga não precisar de mim. Mas, antes, me responda: Se não fosse por mim, como você usufruiria de todos os seus falsos sorrisos e promessas? Bem... Vemos, então, que já não vives sem me solicitar. Espero que, um dia, você possua a verdadeira coragem, respire fundo e deixe de ser tão hipócrita; Pois, o que tens por mim não é ódio, nem amor, e sim dependência. Convives comigo há tanto tempo, e nem sabes o meu nome! Apresentar-me-ei, então: – Prazer, o meu nome é hipocrisia, e suponho que o seu seja hipócrita. Certo?

   
  "Que vossa caridade não seja fingida." Rm 12, 9    

 Mil beijos, Caroline C=

terça-feira, agosto 10, 2010

II. "Temos nosso próprio tempo" ♫


 
 – Obedeça-me, pelo menos desta vez! – Esse foi o meu único pedido ao tempo. Inútil, eu deveria acrescentar. Assim como as folhas no outono, as minhas lágrimas também se secaram; Mas o erro e desobediência do tempo foi trazê-lo, ou não ter impedido que ele voltasse. Eu jurava que havia o esquecido; Não temporariamente, nem por mágoa, e sim pela minha constante memória ruim. Eu acreditava não me lembrar como ele era, e talvez isso fosse normal, depois de tanto tempo distante. Porém, a única lembrança que eu me permitia ter era a de sua letra elegante no papel amassado. Pena que as palavras escritas não foram as que eu desejava. Inesperadamente, eu o avistei, e o reconheci, após pestanejar, incrédula, uma ou duas vezes. Recordei como era o seu sorriso, o qual, hoje, não era tão reluzente como antes. Porém, eu já havia imaginado que o brilho se desgastaria com o decorrer dos dias. Não importava, pois ainda era o meu sorriso - pensei enquanto baixava o olhar. Ele não se aproximou, tinha o olhar triste e o seu sorriso inicial fugira de seus lábios. Talvez, ele estivesse constrangido pela coragem que não teve para dizer adeus tempos atrás; Por ter transferido para um papel a função de se despedir. Assumo que não foi o adeus que me arrancou lágrimas, e sim a saudade antecipada, a falta do abraço na despedida. Agora, ele tinha o olhar baixo, talvez ele esperasse que a minha reação fosse de distanciamento e hostilidade. Enganou-se. Correr não seria o suficiente, mas era o que estava ao meu alcance. Corri ao seu encontro, ele sorriu e me abraçou: o mesmo abraço de sempre, o meu abraço. Entregou-me uma pequena folha de papel e beijou-me a testa. Fiquei apreensiva e trêmula, desdobrei de prontidão o papel, o qual dizia em minha caligrafia predileta: Quase morri de saudades, obrigado por ter me esperado. Desculpe-me ter demorado tanto.  

 " Veja o sol dessa manhã tão cinza. A tempestade que chega é da cor dos teus olhos castanhos. Então me abraça forte, e diz mais uma vez que já estamos distantes de tudo. Temos nosso próprio tempo. Não tenho medo do escuro; Mas deixe as luzes acesas agora; O que foi escondido é o que se escondeu, e o que foi prometido, ninguém prometeu. Nem foi tempo perdido; Somos tão jovens."                        Legião Urbana - Tempo Perdido

 Esse meu post, que é a continuação do anterior, faz com que eu me lembre sempre da música acima, e por isso a coloquei aqui, além de ser uma música que gosto muito. Espero que tenham gostado.
  Mil beijos C=  

sexta-feira, agosto 06, 2010

I. TemporárioTemporalTemperamental.


  
     Há momentos da vida que sofreremos perdas providenciadas pelo tempo, o qual age sem nos perguntar se aceitamos ou não as suas interferências. Eu assumo, então, o meu fracasso: não consegui escapar de tal inconveniente, fui atacada ferozmente por essa fera. Naquele momento, o tempo não soube a hora de interromper-se, e manteve-se  estranhamente sádico e incontrolável. Conheci, então, uma de suas facetas, que não me foi agradável.  Já em outras ocasiões o tempo contrariou-se, sendo amigável e ajudando-me (ou obrigando-me) a esquecer momentos indesejados.
   Entre os vestígios das lembranças deixados pelo tempo, está a única gota, incolor e persistente, que conseguiu encontrar o chão; Tocou o solo frio enquanto a folha de papel se tornava uma esfera amassada em minhas mãos. Admito, que por mais que eu tentasse sufocar aquelas pequenas gotículas gélidas era impossível. Elas eram ligeiras e contínuas, e venciam, uma a uma, minhas mãos que tentavam, sem sucesso, secá-las em meu rosto.

Mil beijos, Carol. 

quarta-feira, agosto 04, 2010

II. Que a sorte me guie até você.

  
   Assim que os pés da menina alcançaram o chão ela alinhou o corpo, enquanto limpava suas mãos em seu simples vestido branco. Ela o encontrou sentado mais a frente, lia um ótimo livro, pelo menos era isso que seus olhos fixos nas páginas amareladas pelo tempo transpareciam. Não se sabe se aquele era um livro de romance ou suspense. Por vezes, o nosso leitor franzia a testa, mordia os lábios, sorria. Parecia ter vontade de entrar no livro, mergulhar naquela velha história. A menina deixou alguns devaneios para trás, aproximou-se e se sentou ao lado do menino. Ao percebê-la seria comum que ele desejasse saber o seu nome, mas talvez ele fosse mesmo imprevisível. Em silêncio, ele fitou a menina nos olhos, não a conhecia, porém a “reconheceu”. Ela, por sua vez, recostou a cabeça em seu ombro e ambos, ainda em silêncio, retomaram a leitura.


 Eu escrevi esse post como a continuação do anterior e o termino com um "não-final". Proponho que você crie (imagine) o seu próprio final; Pessoas diferentes se encantam por motivos diferentes e por isso acredito que não devemos impor sempre o nosso ideal de final feliz; acho só assim a frase 'final feliz' ultrapassará qualquer clichê e será de verdade. Mil beijos, e espero que tenham gostado.