Enquanto o sol a beija, imitando a brisa fresca do mar, a escultura de bronze já não emite a luz do seu brilho original. A sua cor agora é de um dourado envelhecido, quase negro. De seu habitual lugar, ela sempre olha com admiração os vendedores ambulantes passarem com as suas inacabáveis mercadorias e quinquilharias, todas tão coloridas, carregadas nas mãos ou como os seus condutores conseguirem. Sendo esse modo, por vezes, desconfortável para ambos. Porém, eles nunca se esquecem de perdurar o velho e largo sorriso que lhes enfeita o rosto, e o fazem independentemente do perpétuo fardo que lhes castiga as costas e prejudica os passos. Mas, ela sabe que a felicidade que a eles pertence e irradia não lhe pode ser vendida ou emprestada. No entanto, ela deseja senti-la. Dali, estática, ela vira inúmeros casais passearem e deixarem as suas pegadas, junto às promessas pronunciadas e aos corações desenhados, na areia da praia. Presenciara as crianças correndo, brincando de pique e transbordando de uma alegria imensamente ingênua, simplória e invejável. Fitara também pessoas solitárias, as quais transpareciam buscar paz... Sem pressa, elas sentavam-se em uma pedra qualquer e fechavam os olhos, enquanto sentiam o vento afagar o seu rosto. Quanto a estátua: Nunca lhe disseram um “oi”, e ela jamais escutara algo sobre o amor, fé e felicidade. Contudo, ela os assistira e os almejara diariamente, e poderia dizer perfeitamente como era cada um. Assistir ao amor fez dela amável, admirar a fé fez dela fiel e fitar a felicidade fez dela feliz.
Imagem: Estátua da Brigitte Bardot em Búzios.
As vezes nos julgamos abandonados, sem nada e ninguém! Mas não percebemos que o que tanto sonhamos está ao nosso lado... Ou melhor, pode estar dentro de nós mesmos. Espero que possamos enxergar a proximidade do que nos faz verdadeiramente feliz. E mais que isso, eu espero que, além de percebê-lo, possamos também tocá-lo...
Mil Beijos C=