A porta permanece destrancada como sempre esteve. O vento, que ao entrar pela janela faz dançar a cortina branca de bordado, traz consigo o som da liberdade que grita pelo meu nome. É um convite inestimável e quase irrecusável, o de se aventurar nessa manhã de céu anil e cheiro doce. Mas, eu sou agridoce e nada do que está do lado de fora me atrai ou encanta. Eu preciso ficar aqui quietinha, dentro de você, analisando de perto todas as formas que compõe o seu trejeito. O seu coração é a minha biblioteca predileta, e eu opto por me manter afogada em pilhas de papeis, documentos antigos e velhos livros que eu encontrara casualmente. Quem sabe essas páginas, amareladas pelo tempo, não me contam mais sobre você?
Eu tomei posse desse quartinho, de paredes azuis, que eu descobrira dentro de ti. Aqui, eu possuo o que me fascina: Boas músicas, lindos desenhos, ótimas histórias e o seu incomensurável bom humor... Eu já não ouço o reclamar da liberdade, a qual insistira em ter a minha companhia. Certamente, ela se convencera de que, vivendo assim, eu e você somos mais livres e felizes. Pressuponho que o mundo não me esperará eternamente, no entanto, isso não me é importante. Eu quero o que eu não vejo, só sinto. Por isso admiro tanto a maneira míope como você observa tudo. Você me traz felicidade, eu só lhe peço para não deixar de enxergar os meus inúmeros defeitos. Porque eu sou agridoce, e você é míope.
Espero que o fim não anule o início.
Desculpem-me por não estar postando com tanta frequência. Quanto ao texto, esse é bastante paradoxal para mim... Ao mesmo tempo em que é leve, e me traz boas lembranças, também me soa um tanto tristonho. Espero que tenham gostado.
Mil beijos.
(fonte da imagem: abril.com)
P.s.: Hoje (28.10.10) eu fui indicada pelo Fê Faverani a 2 selos que inclui o "Desafio dos 7". Agradeço pela indicação e carinho, aqui esta o desafio!