Hoje é o último dia do mês.
O sol abrasante ainda lambe os meus cabelos fio a fio, clareando-os ainda mais,
vestindo-os de ouro. Eu posso notar com extrema facilidade o peso nos passos
desse dia. Cambaleante é o andar de quem se recusa a caminhar... E infeliz é a
vida de quem se recusa a viver. O astro rei, ator majestoso, aquece com seus
raios amarelos o dia quase eterno, exibindo ufano um falso riso. Demora-se no
céu, enfeita-o com louvor, como se sadicamente prolongasse a rotação da terra e
estorvasse a noite – dizendo não ao fim, contrariando o mês que existiu por
obrigação.
O tapete está adiante, uma estrada longa
composta por segundos, minutos e horas. Mas o Outubro teima com afinco e
insiste em descansar em cima do muro. Não se vai, mas também não permanece –
morre aos poucos, agoniza. Ainda que o futuro me chame, sinto o cálido toque em
minhas mãos procedente de um mês suado, calado, exigente, quase passado... Tão
presunçoso, recusara ser presente, almejara não viver e perecera ainda mais; e
os trinta dias duraram como se fossem noventa.
Imitando a ínfima linha do horizonte, a que divide o céu e o mar, a terra e o ar, o muro obsta o início
do fim; o término de um dia e o início de outro. E enquanto o manto
azul marinho estende-se, salpicado de brilhantes, o mês tão sofrido comemora o
seu findar como se Novembro fosse o seu renascer límpido e invejável; o único digno de
preencher setecentos e vinte horas de um calendário tão corrido. Assim parte o
Outubro, o que não solicitou vida destilara a sua, gotejando os segundos até finalizar-se.
Bem, faltam-me
palavras para vos pedir desculpas, porém pretendo recuperar todo o tempo
perdido no qual fiquei distante, presenteá-los com bons textos e igualmente vos
visitar com mais freqüência. Fiquem com Deus, e muito obrigada por serem
pacientes e não me abandonarem. Em relação a esse texto, gostei dele embora não tenha ficado como eu almejava. Enfim, grande beijo a todos.