Insosso é sabor da saudade
Que, em pingos cálidos, é destilada.
O gosto de uma lágrima ninguém esquece
Pois da porta da alma fora despejada.
Veneno inodoro e incolor
Transborda o gosto do rancor
Mas torna-se antídoto se for liberta
E em seu doce faz-se perpétua.
E quando o amor preenche o vazio
É pela têmpora que dança o mel,
O olhar topázio torna-se um rio
E do coração esvai-se o fel.
Onde há trevas, faz-se amarga;
Mareja a vida e inunda o rosto.
Mas se a há fulgor, é açucarada;
Ultraja a dor e o seu desgosto.