terça-feira, outubro 19, 2010

Lixo.

 No início eu sonhei com o dia no qual você viria me buscar, e ao puxar-me para ti não me empurraria mais, e eu me permitiria odiar menos a comum expressão escrita em portas: “puxe, empurre”. Mas há cinco anos eu me encontro aqui, livre e constantemente só, largada ao chão e aos vermes, sendo ambas as minhas fiéis e indesejáveis companhias. Porém, saiba que eu já me acostumei com a dor e com a superfície gélida que me acolhe, e prefiro mesmo me manter aqui... Ou pior, eu apenas não quero admitir a minha escassez de forças para levantar-me num salto, com uma alma nova e brilhante.
 Até ontem, eu não almejara e nem imaginara sublevar-me, mas o seu incomensurável magnetismo me obriga a isto, e antes que eu me ponha de pé, esse imã inconveniente me puxa com brutalidade, furtando-me de mim mesma e da minha solidão, arrastando-me pelas ruas desta cidadezinha velha e esquecida. E a esperança finalmente se recompõe e me diz ser você, mas eu não sinto o seu doce perfume e também não ouço o tenor de sua voz, o que me preocupa. Classifico-me, então, perdida! Atraída e arrastada rudemente por uma força estranha, de origem invisível e intocável, que após certo tempo finaliza-se. Eu adoraria receber de ti um coração e amor novo, puro, impecável... Mas caso isso não seja possível, recicle o meu velho coração enquanto é tempo! Isso já me basta. 

12 comentários:

Elias disse...

Que texto melancólico...

^^

Beijo

Laís Pâmela disse...

Isso aqui é lindo.
Passarei mais vezes, tô seguindo querida.
Dá uma passadinha no meu blog, acho que vai gostar, afinal o que escrevo se resume em força, lealdade e sensibilidade, assim como você.
Bjs.

André Masoch disse...

Doi ler, mas é um dos que gostei muito.

Clara disse...

Que texto forte, Carol! Me identifiquei muito com a parte sobre fingir se acostumar com a dor pra não admitir a fraqueza de se levantar... Não sei se um amor tem toda essa força que você descreve de arrancar alguém da escuridão... Talvez sim, mas o mais importante, saiba, é o amor próprio.

Obs: Há um tempo a Lary me propos fazermos textos sobre Cirse Exitencial. Ela me disse que vc também faria... O meu já está pronto, rs!

Bjos!

Laryssa disse...

Estava tentando adiar esse meu comentário, mas não deixaria de vir.
Eu posso ser uma pessoa anormal, mas me indentifiquei um pouco com esse texto, senti como se 'ela' estivesse se confessando a mim, num pedido de socorro ou apenas um desabafo, e por mais que seja um texto triste, ainda acredito que ela possa sair daí, que um forte amor possa tirá-la daí, mesmo que não seja esse amor expecífico, e se nenhum amor consegui, creio que Deus a ajudara!Boa sorte pra ela.

Exeleeente texto! xD

Marcos Almeida disse...

Muito profundo e suave. Me lembra uma canção do Simple Minds chamada Undermath the ice. O amor as vezes revela novos caminhos Afinal quem ama consegue tocar o céu e ouvir as estrelas.

Abraços

Isabelle M. disse...

Lindo demais!
Triste, mas eu amo coisas tristes, então...Hahaha

Estou te seguindo!
beijos :*

Ana Paula disse...

Owwwnt, flor! Obrigada por passar no meu blog. Fico feliz em saber que está gostando da minha história, é a 1ª vez que escrevo algo do tipo e cada opinião expressa é para mim de muita importância. A 3ª parte já está disponível para a leitura no meu blog, espero que continue a lhe agradar.

Estou seguindo o seu blog e voltarei sempre que possível para comentar suas atualizações.

;*

http://caixinha-de-tudo.blogspot.com

Ana Paula disse...

Meu outro comentário foi mais um agradecimento... agora vou comentar o post de verdade:

Que melancólico. Ficou muito bom. Você sabe descrever bem um sentimento, não sei se isso é verídico, mas conseguiu me entristecer a situação da narradora.
Depois de 5 anos só no "empurre" e nada do "puxe", então já está na hora dela procurar um outro rumo para o coração. Mesmo que a escassez de força de vontade seja imensa e que toda esperança pareça vir justo de quem a faz sofrer. :/

http://caixinha-de-tudo.blogspot.com

;*

Ariana Coimbra disse...

Me idenfiquei tanto com o teu texto, muito lindo e forte!
Nem sei o que comentar diante de tanta preciosidade!

Beijos

Auricio disse...

Carol, sua linda.
Gostei muito do texto, primeiramente por estar muitíssimo bem escrito (não quebrando a regra dos textos que acompanho pelo seu blog) e também por me identificar com tudo que você escreveu...
É complicado e dolorido essa percepção do tempo que estamos esperando por algo que talvez nem aconteça, e mais dolorido ainda é quando percebemos que (ainda) estamos esperando por algo, ou melhor, alguém.


Beijo!!!

Yan D'Ávila disse...

Normalmente julgo textos muito formais como um texto em que o autor fica muito em 3° pessoa, não se envolvendo muito e deixando o texto um pouco..como posso dizer, de forma que ele pareça indiferente diante do que ocorre..mas você se superou e conseguiu fazer com que a sua imagem diante dele não fosse indiferente, e conseguiu muito bem fazer uso da mistura de sentimentos e belas palavras, o que apreciei muito.
De verdade, gostei muito do seu texto. E em relação a mensagem do texto , acredito que todo lixo de alguma forma pode ser reciclado e utilizado novamente. Sendo assim, colete seus sentimentos, prepare-os para novo uso, e seja feliz, pois você é uma pessoa que merece isso!
Beijos =)