terça-feira, agosto 10, 2010

II. "Temos nosso próprio tempo" ♫


 
 – Obedeça-me, pelo menos desta vez! – Esse foi o meu único pedido ao tempo. Inútil, eu deveria acrescentar. Assim como as folhas no outono, as minhas lágrimas também se secaram; Mas o erro e desobediência do tempo foi trazê-lo, ou não ter impedido que ele voltasse. Eu jurava que havia o esquecido; Não temporariamente, nem por mágoa, e sim pela minha constante memória ruim. Eu acreditava não me lembrar como ele era, e talvez isso fosse normal, depois de tanto tempo distante. Porém, a única lembrança que eu me permitia ter era a de sua letra elegante no papel amassado. Pena que as palavras escritas não foram as que eu desejava. Inesperadamente, eu o avistei, e o reconheci, após pestanejar, incrédula, uma ou duas vezes. Recordei como era o seu sorriso, o qual, hoje, não era tão reluzente como antes. Porém, eu já havia imaginado que o brilho se desgastaria com o decorrer dos dias. Não importava, pois ainda era o meu sorriso - pensei enquanto baixava o olhar. Ele não se aproximou, tinha o olhar triste e o seu sorriso inicial fugira de seus lábios. Talvez, ele estivesse constrangido pela coragem que não teve para dizer adeus tempos atrás; Por ter transferido para um papel a função de se despedir. Assumo que não foi o adeus que me arrancou lágrimas, e sim a saudade antecipada, a falta do abraço na despedida. Agora, ele tinha o olhar baixo, talvez ele esperasse que a minha reação fosse de distanciamento e hostilidade. Enganou-se. Correr não seria o suficiente, mas era o que estava ao meu alcance. Corri ao seu encontro, ele sorriu e me abraçou: o mesmo abraço de sempre, o meu abraço. Entregou-me uma pequena folha de papel e beijou-me a testa. Fiquei apreensiva e trêmula, desdobrei de prontidão o papel, o qual dizia em minha caligrafia predileta: Quase morri de saudades, obrigado por ter me esperado. Desculpe-me ter demorado tanto.  

 " Veja o sol dessa manhã tão cinza. A tempestade que chega é da cor dos teus olhos castanhos. Então me abraça forte, e diz mais uma vez que já estamos distantes de tudo. Temos nosso próprio tempo. Não tenho medo do escuro; Mas deixe as luzes acesas agora; O que foi escondido é o que se escondeu, e o que foi prometido, ninguém prometeu. Nem foi tempo perdido; Somos tão jovens."                        Legião Urbana - Tempo Perdido

 Esse meu post, que é a continuação do anterior, faz com que eu me lembre sempre da música acima, e por isso a coloquei aqui, além de ser uma música que gosto muito. Espero que tenham gostado.
  Mil beijos C=  

4 comentários:

André Masoch disse...

Eu me lembro de ter alado algo sobre olhos castanhos no poema.
Bom de toda forma, é um belo fim. Fico ate mais feliz por ler isso.

Marcos Almeida disse...

Um belo texto amei seu modo de escrever. Eu gostaria de escrever prosa assim como você. Descrever a minha vida de modo mais fácil. Por fim amei o texto o seu modo de escrever e a sua sensibilidade em me visitar. Abraços do menino em fragmentos

Unknown disse...

Adorei Carol...fico muito bommm...Ps essa musica da legiao é a minha preferidaa :) gosto da maioria dele ...mas essa é SHOWWW ...

Clara disse...

Amo essa música da Legião...
Despedidas são sempre tristes e ainda mais quando faltam os abraços. Mas a volta sempre sempre é mágica, mesmo que uma mágoazinha exista no coração...

Gostei muito do seu blog! Adorei o nome...