segunda-feira, novembro 15, 2010

Eu sou: Vitória ou Régia?

  Os meus dias têm sido incomuns e assustadores. Semana passada, por exemplo, eu encontrei uma estranha em meu quarto, a qual me atropelara com centenas de perguntas, com questionamentos dignos de um investigador criminal. Eu juro não ter entregado a nenhum desconhecido a chave de minha casa e as dúvidas de minha vida. Eu sempre me mantive severamente reservada e impenetrável, assim como as portas e janelas de onde eu moro. Após o susto, eu tentei expulsá-la com pressa, mas a perdi num átimo ao pestanejar incrédula pela décima vez. Odiei a surrealidade de como a minha visitante viera e se fora instantaneamente, sem ao menos despedir-se. Eu me surpreendi seriamente ao notar que agora havia apenas eu e o meu reflexo refletido pelo espelho –Talvez, seja melhor assim– eu pensei sozinha, enquanto me indagava se eu estava realmente lúcida. Porém, o que me arranca o sono e furta a minha tranquilidade é saber que, novamente, eu não me reconheci. Pois, era eu quem houvera me visitado.

   Desse dia em diante, o passado me visita e me atormenta com um único flash back. Desfilam frente aos meus olhos as recordações de uma noite de acampamento... Vejo-me, nessa lembrança, afastando-me dos meus amigos, seguindo impetuosa e distraidamente a grande esfera branca que ilumina o céu, a qual se encontrava cercada de pontinhos cintilantes. Adoraria que, ao tocá-la, ela clareasse igualmente a minha vida. Segui-a até encontrar um vasto lago, tão sereno e sedutor, o qual refletia a lua e me atraia, fazendo-me esquecer da água possivelmente fria, da profundidade e do perigo de esbarrar com outras lendas... Quando eu olhei para mim, era tarde: A escuridão da noite fundiu-se a do lago, a água abraçava a minha cintura e eu me sentia estranhamente feliz por me aproximar da lua que enfeitava o lago. E após isso, eu conseguia sentir o frescor e a pureza da água em meus lábios, já que essa me invadia a boca, o nariz e ouvidos. O lago engoliu-me carinhosamente naquela noite. 

   E hoje, ao término desse flash back, que me ocorre diariamente, eu entendo porque eu não me reconheço de antemão ao encontrar-me comigo mesma. Eu compreendo porque eu não consigo dizer quem sou eu. Esses fatos se dão por há tempos eu ter deixado uma parte de mim se perder, se afogar. Permaneço, então, como um cubo mágico incompleto.

A Lary me propôs a muito tempo escrevermos (eu, ela e Clarinha) textos sobre crise existencial. Desculpem-me pela demora meninas!

 Mesmo parecendo não ser, esse é um texto sobre crise existencial. Eu esquivei-me do padrão dos textos sobre esse assunto, eu sei, e a princípio essa nem era a minha intenção, mas as palavras assim o desenrolaram. Espero que o texto não tenha ficado muito confuso e que a mensagem, mesmo estando implícita, tenha sido entendida. Ah, peço desculpas pelo tempo sem postar, é que eu estava sem poder usar o computador e não tenho escrito com tanta frequência. Mil beijos.

15 comentários:

Anônimo disse...

Carol_inda, saudades de você menina. Quanto as crises existenciais todas nós temos. Seja você com seus 16 aninhos, como eu com 40. Ultimamente ando como o título do meu blog. SENTIMENTOS EMBOLADOS literalmente...kkkkkkkkk

Boraaaa minha flor. O importante é seguir...

Bjkasssssss

Ahh!! Vou te incluir no ultimo selinho. Passa lá e pega todos que vc quiser.

André Masoch disse...

"Adoraria que, ao tocá-la, ela clareasse igualmente a minha vida. Segui-a até encontrar um vasto lago, tão sereno e sedutor, o qual refletia a lua e me atraia"

"Quando eu olhei para mim, era tarde: A escuridão da noite fundiu-se a do lago, a água abraçava a minha cintura e eu me sentia estranhamente feliz por me aproximar da lua que enfeitava o lago. E após isso, eu conseguia sentir o frescor e a pureza da água em meus lábios, já que essa me invadia a boca, o nariz e ouvidos. O lago engoliu-me carinhosamente naquela noite. "

Bom pedio e eu vim.
Não tenho como descrever o texto de que mais gosto.
Se nao for o 1º é o 2º.
É magnifico.

Marcelo Soares disse...

E o que seria de nós sem as crises existenciais, né? Algumas vezes elas vem para acabar de vez com o resto da minha auto-estima, e outras pra fazer-me enxergar melhor algumas coisas da vida.

E, como a Ci_zinha disse, todos temos crises existências, seja você com 16 aninhos, ou, eu com 21!

Adorei o texto, adorei seu blog, ja estou te seguindo, e, adicionei seu blog a minha leitura semanal, viu!

Beijo!

Clara disse...

Essa coisa de ser 'visitada' pelo passado é bem crise existencial sim... É um dos principais problemas que a nossa cabecinha (e coração) às vezes enfrenta. Já desejei diversas vezes que alguém inventasse um 'apagador de mentes' pra eu me livrar do meu passado, mas infelizmente (acho) isso ainda não existe. Talvez a solução seja mesmo fazer as pases com sua EU MAIS NOVA...

Bjos!

deh. disse...

"Eu me surpreendi seriamente ao notar que agora havia apenas eu e o meu reflexo refletido pelo espelho –Talvez, seja melhor assim– eu pensei sozinha, enquanto me indagava se eu estava realmente lúcida. Porém, o que me arranca o sono e furta a minha tranquilidade é saber que, novamente, eu não me reconheci. Pois, era eu quem houvera me visitado."

Parece beeem clichê falar assim, mas é importante demais nos visitarmos com frequencia. Sabe, muitas vezes as coisas nao estao indo tao bem ou estamos tomando atitudes novas, diferentes das de antes.. E isso soa estranho, por nao ser algo que fazíamos normalmente. A verdade é que nada permanece intacto, ainda que os dias pareçam estar se movendo de maneira igual. Nao está! rs

E falo assim no plural porque acontece comigo sempre.

Beijo grande, Carol :*

Isabelle M. disse...

Juro que isso me deixou um tanto quanto introspectiva, aqui! Hahaha.

Adorei!

Unknown disse...

Como eu adoro tudo que você escreve .
E alias o texto está super parecidicimo comigo , e com os meus jeitos de interpretar ;
Beijos !

deh. disse...

Deixa eu aparecer aqui de novo.. Só uma coisinha: gosto muuuuuito das tuas visitas no meu cantinho! Admiro teus escritos igualmente :)

Beijos, minha flor!!

Laryssa disse...

Estou numa carencia de palavras, mas venho aqui deixa meus vestígios!

Adorei o texto, talvez todos nós nos sentimos assim "um cubo mágico imcompleto".

Beijos xD

Alexandre Lucio Fernandes disse...

Geralmente sou bom em textos sobre crises existenciais. O que no caso difere por não serem tão ficções assim...

Mas o texto ficou bom Carol. Tem todos os elementos que angustiam uma pessoa, mesmo que colocado de uma forma distinta. Gostei da atmosfera nas palavras.

Você escreve muito bem.

=)
Beijos!

Auricio disse...

Carol, sua linda.

Eu gosto de textos implícitos, e o seu ficou muito bom, o que não surpreende nenhum dos seus leitores. Quanto às crises existências, nunca tive esse problema, pelo menos não consciente que estava passando por uma, sempre que estou triste tem algum motivo real (ou, pelo menos, acredito ser real...) Agora conviver com o passado é uma das tarefas mais difíceis que enfrentamos, no meu caso, é bem complicado... É necessário tentar livrar-se dessas lembranças e tudo mais, todos sabem, o difícil é descobrir como... Não tem formula mágica.

E nada melhor quando as palavras desenrolam, não é mesmo?!

Espero que você consiga usar o computador com mais freqüência agora!!!
Um beijo enorme, e vamos nos falamos por aqui e também pelo Orkut.


Beijo!

Anônimo disse...

Carolzinha linda, tem selinho especial pra vc no meu blog.

Vc é uma fofaaaaaa viu?? Bjkas

Felipe. disse...

Oi, Carol, tudo bem?
Eu simplesmente adorei o seu blog! Estou impressionado com a capacidade das suas palavras ganharem tamanha profundidade a cada nova frase que você forma. Será um prazer igualmente seguí-la, desde já lhe parabenizo pelo ótimo texto que escreveu. Sou muito fã de textos que abordam a existência e o seu ficou incrível.
Grande beijo pra você!

Anônimo disse...

achei interessante a proposta. Gosto quando se exploram estes desdobramentos de si.

Parabéns pelo texto.

Débora Ramos. disse...

Acho que passaria aqui mil vezes mais, rs. Como você está, Carol?? Gosto muitíssimo das suas visitasá, (tá, agora uma novidade, please...). Obrigadíssima pelas pelavras e pelo selinho.. Tenho que pôr na página.. Ah, você tem carta livre para pegar qual quiser ali, eu nao tenho muita paciencia de indicar. hahaah. Daqui a pouquinho eu apareço aqui novamente (deixa só a crise pós-vestibular passar.. rs).

Beijo mais que grande!!