terça-feira, dezembro 14, 2010

Esconderijo !


   Passos regulares amassam as folhas que, castigadas pelo tempo, caíram das árvores imitando as do outono passado. Um após o outro, os passos se completam e acompanham ritmadamente o “entra e sai” do ar nos meus pulmões. A caminhada, então, torna-se uma corrida, enquanto eu me transformo em vulto. Todo esse êxtase se expande pelas minhas artérias após eu avistar a minha perpétua e diária barreira dos últimos trezentos e sessenta e cinco dias. Amarela e estática, como sempre, ela me convida a atravessá-la e quase sorri. Do outro lado do muro é onde eu me refugio, o que torna todo esforço e confronto extremamente fácil ou válido. Basta que eu pule! E então, sem bloqueios posso me submergir em paz e liberdade, calmaria.

  Sentar-me-ei no piso frio, um tanto sujo, e observarei a felicidade presente em cada gota d’água que me acolhe. Recordar-me-ei de todas as vezes que aqui estive na esperança de afogar –literalmente– as minhas tristezas e desencantos. Vez ou outra eu recobrarei o auxílio do oxigênio, para que este renove o meu fôlego e eu torne a mergulhar. É tão agradável estar aqui, protegida e só. Mesmo com a chuva, fina e fria, que cai agora a água se mantém morna e eu me sinto leve. Se eu fechar bem os olhos, posso jurar estar voando.

  Infelizmente, não é sempre que eu posso estar aqui. Confesso que a minha presença aqui é um segredo, ou pior, aqui estou “às escondidas”. Mas é incontrolável, ela sempre está aqui tão solitária e tristonha... Sempre que eu vejo a casa ao lado vazia é um encanto só: Eu venho de pressa, pulo o muro e nado na piscina alheia até reorganizar os meus pensamentos. 

 Ah, eu me esqueci! Só para esclarecer. Algumas pessoas devem pensar que eu estou louca por ai, pulando muros e usufruindo de piscinas alheias. Não, não. Meus vizinhos não têm piscina, portanto, eu não serei presa por invasão domiciliar, rs. Mil beijos, e obrigada pelos comentários que estão cada vez me deixando mais contente.                                                                                

17 comentários:

Clara disse...

Além da delicia de nadar, ainda tem a aventura de estar escondida! Eu já tive a oportunidade de ter uma piscina à disposição e é ótimo nos momentos ruins dar aquele mergulho ruidoso, principalmente à noite, quando a água fica quentinha e quase mágica.

Adorei as sensações e descrições!
:) Bjos!

Renata Ferreira disse...

Adorei o texto! A sensação de estar detro d´água realmente parece que nos faz esquecer dos problemas. E estar na casa vizinha deve ser melhor, porque a adrenalina e o medo em querer saber se vai ser pego ou não é incrível. Gostei do blog!
beijos

deh. disse...

Ai ai, Carol.. Essa sensação de fuga, de esconderijos eu conheço bem. Não que seja necessário de recantos assim bonitos no meu caso. Ás vezes, meu próprio corpo se faz de abrigo. E eu afundo em mim. Não tem acontecido isso ultimamente pra falar a verdade, rs. A vida lá fora tem me acordado todos os dias;

Lembrei muitíssimo da Sofia Admunsen (:

Beijão

Gabi Carvalho disse...

Adorei o texto,muito bem escrito.
É dificil ter um texto desses na blogosfera.
Amei , ta de parabéns,

Raíla B disse...

Amei amei amei.
Blog perfeito, vou seguir.

Gabriela Freitas disse...

Seu blog é muito lindo!
Juro que eu achei que tinha comentado, acho que me confundi, desculpa. D:

Laís Pâmela disse...

Amei, perfeito!!
Tudo que e harmonioso,
segue-me lá!
Beijos.

Isabelle M. disse...

Lindo, lindo, lindo!

Tive a oportunidade de experimentar essa sensação, nesse final de semana, É exatamente como você descreveu. Maravilhoso!

Já disse que estava com saudade dos seus textos, né?!
São sempre lindos, maravilhosos de verdade :)

E você é um doce. NUNCA deixe de acreditar nisso :)

Jey Bi disse...

Adorei a forma como que escreve. Adorei o texto.
O blog é lindo tmb.

beijos. to seguindo.

Anônimo disse...

É, sumir do mundo ás vezes é necessário. Fugir da gente também. Mas não adianta, chega uma hora que temos que encarar tudo.
Adorei aqui, estou seguindo!
http://inocentepaixao.blogspot.com/

Gabriela Freitas disse...

Como á disse, adorei o texto, me encantei com o blog, parabens.

Flá Costa * disse...

Que delicinha o jeito que você escreve!

=]

JhonSiller disse...

Seu texto é simplesmente maravilhoso!
Vou te seguir

Gabriele Santos disse...

adorei. me senti um pouco incopetente, pois não sei nadar e depois que "cresci" tomei pavor a mergulhos e etc. Mas enfim.
Como é bom ter um refúgio desses não? um lugar só "nosso" em que podemos reorganizar os pensamentos e recobrar as forças.
Tomara que "você" não seja pega.
Beijos Guria.

Felipe. disse...

Oi, Carol, tudo bem?
Suas palavras proporcionam um mergulho delicioso, meu anjo! Adoro o modo como você expressa cada novo canto que você se propõe a investigar com os seus pensamentos.
Parabéns pelo ótimo texto.
Grande beijo.

JhonSiller disse...

Ja comentei nessa mas nao me canso de dizer q o texto é lindo

Gabi Carvalho disse...

Esse texto é lindo,não me canso de dizer.
O jeito que vc escreve é mt perfeito.
Parabéns.