Em tempos de outrora fora o verde que tingira o clima até então primaveril, ao passo que o cenário vestia-se com a mesma vida das efusivas flores; e com o aroma doce e suave das rosas dissimuladamente espinhosas.
Mas hoje, os raios solares golpeiam a superfície de terra batida como forma de anunciar frívola e oficialmente a chegada de uma nova estação climática; enquanto a minha face, desnutrida e ressecada, jaz beijando o mesmo solo. No entanto, eu não quero desperdiçar o meu ínfimo tempo descrevendo o meu estado. Esqueçamos logo os golpes cálidos e o beijo amargo – quero perder-me na lembrança de quando éramos apenas um.
Vislumbro-te do local onde repouso, enquanto a vida ainda circula pelas minhas nervuras e pigmenta fracamente o meu limbo, e apesar de não mais haver raízes palpáveis que atem-me a mesma terra que te nutre, eu poderia fincar-me aqui perpetuamente – ou findar-me – através do amor que sinto; pois não lobrigo alicerce mais resistente do que este sentimento.
Época de glória, vigor e renascimento fora a que eu vivi quando ainda estava contigo... Até o dia que conheci o outono e posteriormente o inverno. Os ventos fortes e frios recusaram o meu pranto e separaram-nos, e depois das tormentas e tempestades eu contemplei de longe o seu reflorescer na primavera seguinte; enquanto degustava o meu último nutriente – a solidão –, pois sinto que a morte implacável apresentar-se-á a mim neste verão. Mas não exijo que chores pelas folhas derramadas, porque há um pouco de mim em você inteira. Sempre houve e para sempre haverá; eu nasci de ti e tive que ceder o meu lugar para a outra geração.
Talvez mãos macias e complacentes, percebendo o quanto eu agonizo e admiro-te de longe, tentem unir-nos de volta. Mas em breve chega o outono novamente, e a ausência de um pecíolo preso a uma bainha – e esta ao seu caule – fará com que eu vá embora, e em paz, por saber que a sua vida é também a minha.
Mas hoje, os raios solares golpeiam a superfície de terra batida como forma de anunciar frívola e oficialmente a chegada de uma nova estação climática; enquanto a minha face, desnutrida e ressecada, jaz beijando o mesmo solo. No entanto, eu não quero desperdiçar o meu ínfimo tempo descrevendo o meu estado. Esqueçamos logo os golpes cálidos e o beijo amargo – quero perder-me na lembrança de quando éramos apenas um.
Vislumbro-te do local onde repouso, enquanto a vida ainda circula pelas minhas nervuras e pigmenta fracamente o meu limbo, e apesar de não mais haver raízes palpáveis que atem-me a mesma terra que te nutre, eu poderia fincar-me aqui perpetuamente – ou findar-me – através do amor que sinto; pois não lobrigo alicerce mais resistente do que este sentimento.
Época de glória, vigor e renascimento fora a que eu vivi quando ainda estava contigo... Até o dia que conheci o outono e posteriormente o inverno. Os ventos fortes e frios recusaram o meu pranto e separaram-nos, e depois das tormentas e tempestades eu contemplei de longe o seu reflorescer na primavera seguinte; enquanto degustava o meu último nutriente – a solidão –, pois sinto que a morte implacável apresentar-se-á a mim neste verão. Mas não exijo que chores pelas folhas derramadas, porque há um pouco de mim em você inteira. Sempre houve e para sempre haverá; eu nasci de ti e tive que ceder o meu lugar para a outra geração.
Talvez mãos macias e complacentes, percebendo o quanto eu agonizo e admiro-te de longe, tentem unir-nos de volta. Mas em breve chega o outono novamente, e a ausência de um pecíolo preso a uma bainha – e esta ao seu caule – fará com que eu vá embora, e em paz, por saber que a sua vida é também a minha.
Bem, estou feliz com esse texto apesar de achar que ele não ficou como eu pretendia. Nunca pensei que relataria o amor de uma folha caída pela sua árvore, mas aí está. Espero que vocês tenham gostado desse amor e dessa vida que se renova a cada folha que nasce; lembrem-se que sempre haverá um pouco das folhas que caem em todas as árvores que permanecem inteiras e robustas. Grande beijo, fiquem com Deus.
3 comentários:
Gente, ela e seu vocabulário fantásticos, seus adjetivos e substantivos quase Machadianos!
Fiquei até com vergonha do meu texto agora que li o seu...
Boa sorte Carol, embora eu bem saiba que você não precisa de sorte...
Beijo!!
E depois eu quem sou dramático, né Caroline? HAUSAHUASHASUSAHSA
O texto ficou lindo, surpreendeu-me grandemente. Apesar de um pouco triste e dramático, está maravilhoso.
Beijos
Confesso que tive que ler duas vezes pois sua escrita tão rebuscada está em um nível acima dos outros textos que vemos pela blogosfera e precisei de um pouco mais de atenção e sensibilidade.Mas esse dificuldade que tive foi boa para exercitar minha interpretação e expandir o vocabulário e de quebra me encantar de novo com mais um texto seu.
Lindo e sofisticado.
Seus textos estão evoluindo cada vez mais e com certeza a leitura do seu blog ajuda a outros bologueiros, como eu, a evoluirem também.:)
Beijão!!
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