domingo, setembro 05, 2010

Companhia.


  
  E, finalmente, eu desenharei em meu rosto o mesmo sorriso sem graça de sempre. E eu não esperarei por sua reação ou resposta, eu simplesmente virarei as costas e sairei andando, como quem pula o capítulo de um livro. Confesso que costumo ser um tanto apressada, lendo de antemão a última página dos livros, por desencargo de consciência, ou talvez para certificar-me de que a história terá um final feliz. Caso contrário, eu fecharei o livro às pressas, o olharei espantada, e atirá-lo-ei na parede mais próxima. E entre os raros passos que eu darei até o meu amigo, que se encontra junto ao chão, estarei ansiosa, entusiasmada e apreensiva, só de imaginar o dano que posso tê-lo causado; Algumas páginas amassadas, uns arranhões na capa e, se eu estiver com sorte, umas folhas estarão soltas. Eu não vejo mal algum em ter antecipado a minha vingança, ao menos assim eu me sentirei mais leve e alegre, independentemente do triste fim que esteja por vir. E me permitirei, portanto, recolher do chão o meu doce fingidor, contador de histórias infelizes e melancólicas, e acolhe-lo em meus braços. E feito isso, abri-lo-ei em sua primeira e bela página amarelada, e retomarei a minha leitura, a qual eu abandonara, antes mesmo de tê-la começado verdadeira e oficialmente. Eu me relembrarei, no entanto, de que você não é como um livro, e sim um ser humano. Pena, que eu me relacione melhor com os livros! Eu continuarei, então, andando de costas para ti, até que você me veja sumir no horizonte, com meu livro nos braços e meu sorriso nos lábios, mesmo que você não possa ver este último.


 Bem, esse texto acabou por transcorrer caminhos que eu não esperava, e talvez, não conhecesse. Mas gostei muito de tê-lo escrito, me senti mais leve por isso. Espero que tenham gostado e que percebam a mensagem, a qual pode estar atrás das palavras. Beijos, e um grande abraço aos que comentam com o coração, isso me faz bem!

4 comentários:

André Masoch disse...

Bem natural. Sem um significado, sem dois, mas com varios.
Continue assim.

Elias disse...

Não vale a pena comentarduas vezes com as mesamas palavras, mas nessa situação não vejo outra coisa a se dizer...

Você escreve muito bem mesmo..

^^

Laryssa disse...

Realmente é difícil continuar sem ter a garantia de que vai dar tudo certo, mas a vida não teria tanta graça sem os riscos, sem a espectativa, sem o medo e o friozinho na barriga. Então retomamos mesmo com insegurança àquilo que nos foi dado.

Adorei o texto!xD

Clara disse...

=) Pena mesmo que as pessoas em geral não sejam como livros... Na verdade, acho que elas o são em alguns aspectos: elas nos marcam, têm uma história, nem sempre gostamos muito... Mas, nesse quesito importante de podermos apenas perdoar um final triste e retomar de onde paramos, as pessoas são mesmo muito difrentes dos livros.


Bjos!