terça-feira, novembro 08, 2011

Findá-lo-ei.

  
 Hoje é o último dia do mês. O sol abrasante ainda lambe os meus cabelos fio a fio, clareando-os ainda mais, vestindo-os de ouro. Eu posso notar com extrema facilidade o peso nos passos desse dia. Cambaleante é o andar de quem se recusa a caminhar... E infeliz é a vida de quem se recusa a viver. O astro rei, ator majestoso, aquece com seus raios amarelos o dia quase eterno, exibindo ufano um falso riso. Demora-se no céu, enfeita-o com louvor, como se sadicamente prolongasse a rotação da terra e estorvasse a noite – dizendo não ao fim, contrariando o mês que existiu por obrigação. 

 O tapete está adiante, uma estrada longa composta por segundos, minutos e horas. Mas o Outubro teima com afinco e insiste em descansar em cima do muro. Não se vai, mas também não permanece – morre aos poucos, agoniza. Ainda que o futuro me chame, sinto o cálido toque em minhas mãos procedente de um mês suado, calado, exigente, quase passado... Tão presunçoso, recusara ser presente, almejara não viver e perecera ainda mais; e os trinta dias duraram como se fossem noventa. 

  Imitando a ínfima linha do horizonte, a que divide o céu e o mar, a terra e o ar, o muro obsta o início do fim; o término de um dia e o início de outro. E enquanto o manto azul marinho estende-se, salpicado de brilhantes, o mês tão sofrido comemora o seu findar como se Novembro fosse o seu renascer límpido e invejável; o único digno de preencher setecentos e vinte horas de um calendário tão corrido. Assim parte o Outubro, o que não solicitou vida destilara a sua, gotejando os segundos até finalizar-se.

  Bem, faltam-me palavras para vos pedir desculpas, porém pretendo recuperar todo o tempo perdido no qual fiquei distante, presenteá-los com bons textos e igualmente vos visitar com mais freqüência. Fiquem com Deus, e muito obrigada por serem pacientes e não me abandonarem. Em relação a esse texto, gostei dele embora não tenha ficado como eu almejava. Enfim, grande beijo a todos.                                                                                                                 

sexta-feira, julho 22, 2011

Patrimônio.


  Na cabeça idosa de mente brilhante os cabelos ralos lutam contra o tempo, perseverantes em dividir espaço com a lucidez e sabedoria que cintilam o mesmo branco dos fios. A vida caminha casualmente para o fim desde o primeiro aplaudir dos cílios, porém quando o amor inicia o seu nascer, ele nunca se põe no anoitecer que é a morte.

  A senhora que todas as tardes enfeita o mesmo jardim com a sua presença, e exala a mesma alegria da sua juventude, é a minha amada esposa.  O verde do seu olhar e a vivacidade do seu sorriso esqueceram-se de envelhecer, embora as rugas façam questão de sorrir a velhice junto aos seus lábios rosados.

  Respiro cansado e, da antiga cadeira de balanço, colocada estrategicamente no local perfeito da varanda, permito-me admirar as flores que são regadas e quem as molha com zelo. E outro marejar umedece tímido não as plantas, mas o meu rosto – decorado pelo tempo com as mesmas marcas, vestígios da idade mental e física.

  As mãos desse pobre velho que registra cada momento ao fitá-los, as minhas mãos, tremem lânguidas enquanto equilibram nos dedos a caneta de tinta negra e o peso de quase noventa anos vividos. Na folha, que a canhestra segura, encontra-se o início do meu testamento. Seria esplêndido presentear quem viverá depois de mim com todas as minhas boas lembranças, aprendizados difíceis e lições que a vida me ensinara. Contudo, não é permitido nem possível guardar no mais seguro dos cofres toda a experiência adquirida. Somente o túmulo terá tal privilégio. Porém, o mesmo peito que guarda o ar nos pulmões com dificuldade é capaz de blindar-se contra o esquecimento. É capaz de fazê-la me amar após o fim. É o cofre onde os sentimentos se refugiam, quando a memória deteriorada os trai.

  Possivelmente, a herança da vida é morte e da falta a saudade. Mas, o que realmente me conforta é ter a convicção de que a herança do amor é a eternidade. E se o eterno insiste em findar primeiro a minha vida, contento-me por ser nesta tarde agradável enquanto o sol também se põe – a morrer. A única diferença é que amanhã ele fulgurará neste mesmo manto azul anil.

 Caminho calmo entre as flores até a minha querida, digo entre um apertado abraço:  “Além de todos os bens materiais, a minha herança para você é o amor capaz de fazê-la tranquila. Serena até mesmo sem a minha presença”. Ela sorri amarelo sem entender e me observa voltar para a mesma cadeira, após soltá-la do amplexo. E entre um leve balanço e outro, eu durmo para a eternidade – embora ela ainda não saiba.

Pauta para edição musical, Projeto Bloínques.

quinta-feira, julho 07, 2011

Sem.

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Após o sussurrado adeus,
Estarei sem carinhos seus;            
Congelarei em vão
Ao imergir na dor do não.

Como um rio sem nascente;
Tornar-me-ei sol sem meu poente.
Serei céu sem o alaranjar;
Desaguarei triste sem um mar.

Lamentarei o fim,
Mas guardar-te-ei em mim.

Aguardarei quem não virá,
Na espera que não findará;
Viverei os tons de inverno,
Vislumbrando um frio eterno.

Com os olhos a embaçar,
Cálidas lágrimas a derramar;
Ao ver partir o doce amor,
Eu serei morta e seca flor.

Guardar-te-ei em mim,
Mas lamentarei o fim.   
Pauta para o projeto bloínques - edição poemas.

Olá pessoal! Parece inacreditável, mas sim, eu estou de volta. Ao menos é o que parece. Estava super atarefada no colégio, estava saindo de casa às 6:00 horas (na verdade ainda estou) e voltando às 19:00 horas todos os dias, e o cansaço estava me matando. Torno a pedir desculpas por tanto tempo sem apreciá-los devidamente em seus blogs, embora os tenha acompanhado de longe. Mas, vida de eletrônica não é fácil. :/
No entanto, agradeço imensamente quem, ainda assim, tem paciência comigo e não me abandona. Grande abraço a todos! Amo cada palavra que vocês escrevem, e ler os vossos blogs é um presente. Prometo que tentarei diminuir os intervalos entre as postagens. Fiquem com Deus!                          

quarta-feira, maio 18, 2011

À dança velar.

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Põe-se o sol a dançar, ao se esconder;
Sorri o pretume, ao vestir o salão;
Porém, risca o chão como fogo a arder,
Com vela nas mãos, os pés da emoção.

Baila o vento, faz a chama tremer;
Chora a menina sem se derreter;
Lamenta a falta até mesmo do não,
Na melodia do seu coração.

Crepita sem ritmo a dor da ferida;
Engole a mudez o som ao nascer;
Esquece o compasso a cera aquecida.

Sem par, recusa a saudade abraçar;
Pranteia a menina junto à canção;
A vela com ela, a dança velar.
Pauta para o projeto Bloínques, 39ª edição poemas.

 
 Bem, confesso que me sinto constrangida e tristonha por estar sendo obrigada a ficar longe daqui. Não tenho muito que dizer na verdade, e talvez também não queira, quero apenas sentir. Eu quero também pedir-lhes eternas desculpas por estar tão distante de vocês; Mas, nos meus dias, têm faltado horas até mesmo para Carol, para ficar com minha família... Tenho acordado as 5:00 e chegado em casa as 19:00. Sinto saudades de vossos textos, e isso tem me deixado em abstinência; Não vejo a hora de recuperar tanto tempo perdido, tanto sono mal-dormido... No entanto, agradeço imensamente aqueles que não me abandonaram apesar dos pesares. Agradeço a todos de coração mesmo, mas, principalmente ao Pedro pelo grande carinho. Grande beijo, de quem nunca vos esquece.
* Ah, meu aniversário foi dia 5 de maio, é, agora eu tenho dezessete anos, e o do blog está chegando (21/05).

segunda-feira, abril 11, 2011

Mon'amour.



   O hospital fora a última morada da minha amada filha até que essa me deixasse aos seus dez anos de idade. Recordo-me com perfeição do dia no qual a minha pequena nascera, sendo ela o próprio sol que rompera a madrugada. O seu semblante diminuto reluzia a paz de um mundo inteiro e, enquanto a felicidade materializava-se e dormia tranquila nos meus braços maternos, a alegria fugia-me do peito e infiltrava-se em todo o ar.
  
   Os primeiros dentinhos dela vieram pontudos e, mais tarde, os seus passos altivos; Herdara, evidentemente, o ímpeto do pai. Mas, ainda que a coragem transbordasse do olhar doce e negro da nossa pequena, eu sempre dizia presunçosa: Eu quero ser para você um eterno escudo. Hoje lamento o fato da leucemia não ter escolhido a mim para amigar-se.
  
   Quando o aniversário de sete anos da nossa amada estava próximo foi quando os médicos presentearam-nos com a triste notícia. E após algumas torturantes seções de quimioterapia, sugeriram-nos que os pomposos cachos da nossa pequena fossem cortados, para evitar a tristeza de ver os fios rendendo-se a gravidade dolorosa e gradativamente, e assim foi feito.
   
   A marcha fúnebre do seu enterro ainda entoa os meus dias, um nítido contraste a efusividade das flores, as quais tingem os meus pensamentos e aromatizam a minha pele. O conjunto de tais lembranças traduz a minha tristeza constante e registra através de lágrimas quentes – que crestam a face e deixam os seus rastros diários – o vácuo que tomou-me por hábitat.

  As semanas voam austeras e destilam sobre a minha cabeça o cinza do outono, o qual arrasta pertinaz as correntes pesadas de não termos por perto a nossa menina. O telefone reproduz o seu eventual toque agudo, mas os meus dedos tremem e ignoram-no ao longo dos dias. Quando me permito sair da minha caverna de paredes de concreto, cores discretas e lareira acesa, – na esperança perpétua de aquecer-me por dentro – encaro com pudor a caixa de correio no jardim, por tê-la a abandonado igualmente. E a caixa metálica me sorri, em seu brilho taciturno, um altruísmo reprimido.
  
  Caminho, no entanto, desencorajada até a correspondência e obrigo-me a verificar quantas cartas disputam espaço dentro da caixinha desprezada por mim e esquecida, inconscientemente, pelo meu querido esposo. Entre os papéis amolgados uma letra infantil cintila contente em um papel cor de rosa. Com as mãos trêmulas, eu elevo ansiosa o pequeno envelope ao nariz – ao passo que o perfume floral da minha princesa me ocorre a memória. Em seguida o admiro e tateio cada dobradura enquanto observo a data de um mês e meio atrás. Leio, portanto, as singelas palavras: Eu quero ser pra vocês um anjinho, ainda que sem asas e auréola, como vocês são para mim. Eu quero ser também, mamãe e papai, somente motivo de alegria, esteja eu longe ou perto os amarei eternamente.

   Assim, as palavras da nossa filha selaram um adeus e reconfortaram parcialmente o meu coração; Enquanto as lágrimas demarcavam-me as têmporas. Eu ainda mantenho o cabelo curto, como da primeira vez em que o cortei em incentivo a minha pequena. E agora fico aqui, embasbacada diante de tanto amor que resplandece em papel tão pequeno. Aquiesço, portanto, e permito que a mão do meu querido repouse sobre a minha destra; Auxiliando-me, assim, nos passos que daremos rumo ao futuro.

 Pauta para o projeto bloínques,
19ª edição roteiro e 64ª edição musical.

 Fiz esse texto em homenagem a uma amiga que perdi ainda na infância por conta da leucemia, e algumas lágrimas não foram poupadas ao terminá-lo. Bem, peço mil perdão pelo tempo que fiquei sem nada postar. Como se já não fosse suficiente o pouco tempo que possuo para estar na internet o meu computador parou de funcionar e só voltou do conserto fim de semana passado. Enfim, espero que tenham gostado desse texto, e logo logo recuperarei tudo que perdi dos vossos blogs. Grande beijo. 

segunda-feira, março 21, 2011

A(r)mar.


   Na arena, olhos febris enfeitam a face de cada espectador veemente, enquanto, a ansiedade materializa-se no suor cintilante que desfila sobre as suas têmporas. O gladiador veste-se de glória e dirige-se impávido ao seu próximo combate; Tornar-se-ia lendário após tamanha façanha. 

  Os gritos e murmúrios abafam uns aos outros, sobrepõem-se altivos, e o bafo quente da multidão adere-se à atmosfera. Os trajes simplórios revelam o quanto a força física é almejada com vigor, ao passo que a preocupação com a estética faz-se obsoleta.
  
  As exclamações duplicam-se e o rubro tinge os olhos do povo alvoroçado, o qual deseja que tal sangue despeça-se de seus olhares e transformem-se no reflexo fiel e luzente da arena em vermelho, decorada pela sádica morte de um dos guerreiros.

  O primeiro pé do gladiador estende-se audaz sobre o chão amarelado de terra batida; A armadura inexorável de tal combatente, intrépido, reluz a sua fúria. No entanto, os seus dedos prendem-se rudemente a uma espada – tão bela, eu diria, se essa não contribuísse para a execução de tantas mortandades. Porém, o escudo na canhestra delata que mesmo o mais colosso dos gladiadores, sedento por vitória, rende-se aos caprichos da fragilidade humana e amiga-se de uma proteção – ainda que metálica.

  O combatente voraz, tão humano, já vencera a esperança e a felicidade, portando-se das piores artimanhas; Restou-lhe como vítima o amor, combatente forçado que hoje enfrentará. O oponente do lutador, portanto, o amedrontado, é atirado por outros brutos na arena para a batalha final – primeira e última. 

  O público se cala e logo em seguida vai ao delírio; O espetáculo iniciar-se-á. 

 O gladiador avança resoluto, mas todos os seus golpes, de traços tão firmes, pintam-se errôneos diante da tela em branco e do artista. O outro se põe de pé valente, olha-o nos olhos e sopra poucas palavras: Não te basta armar, mas sim amar; E retira-se soberano a passos lentos. E o que até outrora era intrépido, impávido, colossal, jaze parvo com os lábios a beijar o solo seco – O público vê-se tão embasbacado e lânguido quanto o próprio derrotado.

  O gladiador tem as suas pesadas armas, porém o poeta tem a mais poderosa: A palavra; E este senhor de mãos calejadas de tanto escrever é o amor, o mesmo amor que se permite falar de si próprio através de dedos tão humanos, inofensivos.

  Na verdade, eu tenho essa ideia de equiparar o ser humano a um gladiador que se deixa domar pelos sentimentos - todos tão abstratos - há tempos. Porém, as palavras tiraram-me da trilha que eu planejara e fizeram-se minhas guias. Espero que ainda assim vocês tenham gostado. Peço-lhes desculpas quanto a minha ausência em vossos blogs; É que eu tenho estudado demais, dormido de menos e entrado pouco na internet. Mas saiba que não os abandonarei. Agradeço ao carinho e sinceridade nos comentários. Grande beijo a todos.  

terça-feira, março 15, 2011

Sem fel.


É dor latente e persistente, a que em mim se abrigou;
Resplandece o seu fulgor no peito de quem a abandonou.
Desfila presunçosa o seu peso - o imensurável.
Destila gota a gota do veneno - o indesejável.

O arquejar faz doer os pulmões e castiga o ar;
Induz-me a expirar, inspirar e a ti o singelo perdão doar.
Perdoar-te e perdoar-me irei, então, mas não em vão.

O achoalho frígido e liso me sorri silencioso,
Os joelhos latejam ansiosos em resposta
E o beijo compõe-se intenso entre a pele e o piso.
O cálido experimenta o frio, aos risos;
Assim como eu opto por derreter todo o meu gelo.

Os punhos despedem-se do bolso
E a luz se expõe por entre os dedos.
As impressões digitais disputam espaço com a flor;
Visto-me, pois, de amor e rasgo o véu do rancor.

Os pés enfeitam a terra, mas o pensamento é do céu;
Limpo os meus lábios e ao longe lanço o fel.
A maciez da bela rosa repousa, enfim, sobre as suas mãos,
Enquanto, um suspiro leve inflama o meu coração;
A voz tão angelical quanto o pedido sussurra por fim:
Perdão concedido? Sempre e sim. 

Projeto blq,30ª Edição poemas.

O abandono.

 

  As primeiras letras são desenhadas em caligrafia perfeita no papel branco, mas são tão ligeiras. As formosuras escorregam ardilosas pelas mãos cansadas, as que as criam. Derramando-se no chão, elas escapam satisfeitas pela porta entreaberta de madeira escura. O poeta, no entanto, deixa-se enfeitar o rosto de surpresa; Boquiaberto, o queixo caído denuncia sua angústia. As mãos, sempre vorazes, jazem trêmulas de agonia  lamentam o abandono. A lágrima pende em seu rosto envelhecido e desliza até a página, marcando-a. A marca úmida cintila solitária, já que o negro da escrita faz-se escasso. As palavras fugiram, pularam as janelas, adentram-se na lareira, não sussurram um adeus; Desprezaram o poeta e furtaram-lhe a vida, a alma. Agora, o silêncio da não-escrita soa tímido o seu pesar.


 Perdoem-me, não é plenamente o que eu queria; Mas por vezes parece mesmo que as palavras esquivam-se do meu abraço, no entanto, espero que essas singelas palavras o tenham agradado. Ontem, entre as ideias que tive, duas tomaram forma e envolveram-me por inteira. A primeira é simples: Eu adoro versinhos e acho que esses combinam magicamente com o dia de domingo; Adoraria que vocês escrevessem versinhos aos domingos e me enviassem. Não, não é um projeto e não haverá avaliação ou premiação; No entanto, eu adoraria mais essa troca mútua das palavras que deixaram-se ser escritas. Afinal, eu alimento-me (também) de palavras e rimas; Quem quiser, sinta-se mais que convidado. A segunda, outro dia eu conto. ^^ Grande beijo.                                 

quinta-feira, março 10, 2011

Voltar-me-ei.

Jurujuba - Niteroi, RJ. Praia de Adão e Eva; Duas praias gêmeas.
Águas calmas e de coloração esverdeada, com areias claras e finas,
localizam-se bem próximo à entrada da Baía de Guanabara
 e dão acesso à Fortaleza de Santa Cruz.
 

(...) Quando o horizonte casa o céu e o mar, a terra e o ar,
O amor vem de pressa, é o primeiro a se assentar,
Não só para assistir, e sim para sentir (...)


  Bem, eis-me aqui. Eu passei todo o carnaval longe da internet, tendo-a distante até mesmo dos meus pensamentos devido aos cinco dias de acampamento na praia - a da foto; A qual eu visito antes mesmo de nascer e a minha relação com tal lugar é inexplicável. Foi extremamente maravilhoso possuir tempo e espaço, um lindo e esplêndido espaço, para organizar, redecorar, criar e até mesmo desorganizar alguns pensamentos e ideias minhas. Foi ótimo ter como trilha sonora o murmúrio das ondas, sentar na areia e saber que todo aquele espetáculo estaria me aguardando no dia seguinte, e no outro. O cheiro do mar permanece impregnado em mim apesar do perfume suave do meu sabonete, e isso me conforta. Enfim, senti-me na obrigação de ao menos compartilhar um fio da plenitude e magnificência que foi essa semana. Devo confessar, no entanto, que não escrevi nada além de algumas frases singelas e outras em francês que rabisquei na areia fofíssima. Eu tentei ao máximo viver a felicidade, não escrevê-la de imediato, para quem sabe um dia transliterá-la. Assim como, devo admitir que não senti saudades do meu blog em si, mas sim  uma falta imensa de vossos blogs e textos. Peço-vos desculpas por esse tempo de ausência, eu senti muita saudade de vossos poemas, contos e prosas tão magníficas; Mas, saibam que eu comentarei e estarei atenta as próximas atualizações. Espero de coração que esse período de descanso e/ou diversão possa ter sido tão maravilhoso e perfeito para vocês como foi para mim. Um grande beijo a todos que não me abandonam, o carinho de vocês é essencial e extremamente recíproco. Fiquem com Deus, queridos.

* Caso vocês queiram ver as outras fotos da viagem, avisem no comentário que eu posto aqui ou no facebook.

domingo, fevereiro 27, 2011

InflAmável.


  Somente duas linhas da longa história foram transliteradas em paralelo. Temo que uma possa ser a prolongação silenciosa da outra, e que outras continuações se derramem na mesma página fadigada. A umidade rege ambas, assim como, o calor e a dor latente que intensifica as marcas que abrasam o percurso estreito – caminho conhecidíssimo pelos dedos delgados que interrompem frases, entrecortando-as. Porém, as palavras não ditas se renovam como a fênix e atropelam fulgurantes, gradativamente, as mãos efusivas que tentam impedi-las de transbordar de olhar topázio tão mórbido.

  A página ímpar, a qual se deixa banhar pelas gotículas gélidas e incessantes, dança solta e solitária ao ritmo do som longínquo de antigas quedas – inoxidáveis nãos. E ostenta infeliz as amolgaduras que tantos leitores desleixados a causaram. Não fora o rancor ou sentimentos internos que tingiram de tristeza-incolor rosto belo de traços finos; Mas, sim, a estrangeira que invadiu o diminuto peito, de respiração arfada e ingenuidade evidente; E quando partiu, o fez duplamente. Abandonou-o sorrindo e acenou satisfeita na última curva, enquanto as lágrimas dele também percorriam a ínfima curva de suas têmporas, e o seu coração partia-se em montes de entulho muscular.

  A face embranquecera-se, mas novas linhas foram escritas, e o registro feito em caligrafia universal inflama a trilha que estrema. Algumas faíscas se fazem presente e o calor se expande efusivo por todo o corpo, pelo quase-livro, como fogo e gasolina. Reacende timidamente a esperança adormecida e, então, tornam-se aparentes as labaredas impetuosas que fazem o caminho contrário; Anunciam a todos os órgãos o retorno vivaz da fé.  A história torna a ser reescrita, ao passo que a chama vivaz devolve as lágrimas aos olhos, ascendendo uma a uma. No entanto, ele permite que elas tornem a redesenhar a estrada que elas próprias instituíram em pele tão macia; Mas dessa vez, os dois traços lacrimais não contam a dor, eles fazem arder os olhos de expectativas e cintilar na umidade o fulgor do amor próprio.


  Bem, eu comecei esse texto hoje mais cedo e o início dele aconteceu como um suspiro intenso, mas a continuação destilou-se obstinada, por isso, passei a tarde encarando-o. Enfim, aqui está. Amanhã o meu blog completa um ano de existência, mas não de vida; Pois os textos literários só puseram-se a pulsar aqui em maio de 2010 e por isso tenho essa data como a oficial. Ontem o meu computador deu pane e só voltou hoje (ainda bem que voltou), por pouco ele não nos afasta. Agradeço o carinho de todos, espero que tanham gostado. Grande beijo!