Somente duas linhas da longa história foram transliteradas em paralelo. Temo que uma possa ser a prolongação silenciosa da outra, e que outras continuações se derramem na mesma página fadigada. A umidade rege ambas, assim como, o calor e a dor latente que intensifica as marcas que abrasam o percurso estreito – caminho conhecidíssimo pelos dedos delgados que interrompem frases, entrecortando-as. Porém, as palavras não ditas se renovam como a fênix e atropelam fulgurantes, gradativamente, as mãos efusivas que tentam impedi-las de transbordar de olhar topázio tão mórbido.
A página ímpar, a qual se deixa banhar pelas gotículas gélidas e incessantes, dança solta e solitária ao ritmo do som longínquo de antigas quedas – inoxidáveis nãos. E ostenta infeliz as amolgaduras que tantos leitores desleixados a causaram. Não fora o rancor ou sentimentos internos que tingiram de tristeza-incolor rosto belo de traços finos; Mas, sim, a estrangeira que invadiu o diminuto peito, de respiração arfada e ingenuidade evidente; E quando partiu, o fez duplamente. Abandonou-o sorrindo e acenou satisfeita na última curva, enquanto as lágrimas dele também percorriam a ínfima curva de suas têmporas, e o seu coração partia-se em montes de entulho muscular.
A face embranquecera-se, mas novas linhas foram escritas, e o registro feito em caligrafia universal inflama a trilha que estrema. Algumas faíscas se fazem presente e o calor se expande efusivo por todo o corpo, pelo quase-livro, como fogo e gasolina. Reacende timidamente a esperança adormecida e, então, tornam-se aparentes as labaredas impetuosas que fazem o caminho contrário; Anunciam a todos os órgãos o retorno vivaz da fé. A história torna a ser reescrita, ao passo que a chama vivaz devolve as lágrimas aos olhos, ascendendo uma a uma. No entanto, ele permite que elas tornem a redesenhar a estrada que elas próprias instituíram em pele tão macia; Mas dessa vez, os dois traços lacrimais não contam a dor, eles fazem arder os olhos de expectativas e cintilar na umidade o fulgor do amor próprio.
Bem, eu comecei esse texto hoje mais cedo e o início dele aconteceu como um suspiro intenso, mas a continuação destilou-se obstinada, por isso, passei a tarde encarando-o. Enfim, aqui está. Amanhã o meu blog completa um ano de existência, mas não de vida; Pois os textos literários só puseram-se a pulsar aqui em maio de 2010 e por isso tenho essa data como a oficial. Ontem o meu computador deu pane e só voltou hoje (ainda bem que voltou), por pouco ele não nos afasta. Agradeço o carinho de todos, espero que tanham gostado. Grande beijo!